De raízes ancestrais à voz que inspira: a trajetória de Alana Vieira, colunista da Revista Negra

28/10/2025

Por Alana Vieira — Colunista da Revista Negra | Série: Transições que Inspiram 


Sou Alana Vieira,

nascida em Porto Velho, capital de Rondônia. Descendente de amazônidas e nordestinos que vieram fincar raízes na Amazônia, aprendi desde muito cedo sobre o valor da terra, da natureza e da ancestralidade.

Cresci em um lar de criação rígida, convivendo com comportamentos neurodivergentes e sintomas de diagnósticos que só seriam compreendidos anos depois. Apesar disso, sempre fui estimulada a estudar - e fiz do saber o meu universo. Até hoje, sigo caminhando pelos trilhos do conhecimento, com curiosidade e propósito.

Na adolescência, vivi o peso de um diagnóstico que, graças à força da ancestralidade, não se consumou. Essa experiência moldou minha trajetória, minha identidade e meu ser. Esperei uma morte que, mais uma vez, agradeço por não vir.

Filha da geração Y, concluí o ensino básico nos anos 2000. Ao ingressar na universidade, percebi logo no primeiro ano que minha vocação não era jurídica -área que escolhi para contrariar os desejos de meus pais. Mas, em casa, o ditado era claro: "O que se começa, se termina."

Iniciei minha carreira em um escritório de advocacia como controller jurídica, e com o passar dos anos, vivi uma busca incessante para entender o que realmente queria. Fui gerente comercial, coordenadora financeira, vendedora e sacoleira. A arte de me comunicar e me posicionar marcou mais de uma década de trajetória profissional.

Somente após os 30 anos - "a idade do sucesso", como costumo dizer -, mais precisamente aos 34, compreendi que eu já era comunicadora. Antes mesmo que todos ao meu redor percebessem, eu já estava cursando Jornalismo, profissão que hoje me enche os olhos e o coração.

Fora da vida profissional, cultivo paixões que me definem: acampar, andar descalça, tomar banho de cachoeira e de chuva, e tomar café vendo o pôr do sol. Sou coordenadora étnico racial em uma ONG, pratico voluntariado e amo estar no terreiro. Essas vivências me equilibram entre responsabilidades e bem-estar.

Hoje, olho para minha trajetória com gratidão. Cada desafio, conquista e aprendizado construiu a pessoa que sou - alguém em constante evolução, caminhando devagar, mas sempre em movimento. Tenho sonhos, metas e a determinação de transformar o futuro em algo ainda mais bonito.