Não é sobre mim, ou é?
Como alguém que não me conhece pode escrever um texto sobre mim, meus sentimentos, pensamentos e minhas dores? Como alguém pode descobrir o que estou sentindo, quando nem eu mesma sei?
A literatura é isso: são páginas e mais páginas de uma história que se assemelha de forma impressionante à nossa própria vida. Cada palavra é como um espelho, refletindo nossos anseios e inquietações mais profundos. Apesar de sabermos que estamos imersos na ficção, quando lemos, a semelhança com a realidade chega a assustar. As palavras descrevem o nosso cotidiano com tal precisão que parece terem sido arrancadas diretamente de nossos próprios diários.
Essa conexão profunda ocorre quando os escritores conseguem transmitir emoção por meio de seus personagens. Esses seres de papel e tinta ganham vida nas páginas, e suas emoções se tornam nossas. Eles nos tocam de tal maneira que somos levados a experimentar um turbilhão de sentimentos, e o mundo ao nosso redor se transforma. Ao ler, nos tornamos parte daquele universo literário.
Assim, no meio daquele mar de palavras, vamos descobrindo novas maneiras de lidar conosco, vivendo experiências que, embora estranhas, nos fazem crescer e nos conhecer mais profundamente, mesmo que sejamos expostos por meio dessas histórias fictícias.
A literatura, enquanto nos envolve e nos imerge em mundos imaginários, também atua como uma força curadora. Ela revela nossas feridas, muitas vezes ocultas, e nos fornece meios para cuidar delas. Com ternura, a literatura nos orienta, desejando que, ao final da jornada, tenhamos captado a mensagem e estejamos preparados para continuar nossa própria história.
Assim, descobrimos que, no fundo, a literatura é sobre aqueles que permitem que suas almas se entrelacem com as palavras escritas.
Matéria escrita por Sabrina Santos
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